Essa não é mais uma história sobre uma Guerra Santa. Esta é a história do cavaleiro que mudou as regras, alterou o destino e provocou a ira dos deuses. Uma história de laços de amizade que custam a se partir. Conta-se que esses Santos de Ouro foram os mais poderosos que já serviram à deusa Atena e que o Grande Mestre daquela geração tinha o poder mais temível.

CAPÍTULO II – FUTURO

– Quanto mais nos aproximamos, mais o cosmo se intensifica. Mas tem algo diferente agora. Você já deve ter percebido também, não é verdade Van Quine? – Disse Willian.

– Sim. Ao que parece, não fomos os primeiros a chegar. – Respondeu Van Quine.

Ambos foram enviados para uma missão de reconhecimento naquela região, que há algum tempo vinha emanando uma energia forte, e maligna. Preocupado, o Grande Mestre Átila, enviou dois de seus cavaleiros mais poderosos para esta missão. Mas, tudo indica que alguém chegou antes ao local.

Enquanto isso, no Santuário, Amauri, agora cavaleiro de ouro de Libra, descia as 12 casas, em direção ao velho coliseu, onde aspirantes a cavaleiros treinavam todos os dias. Enquanto descia, ele observava as casas zodiacais vazias. Ainda faltava muito pra que se reunissem os 12 cavaleiros de ouro do Santuário de Atena. Mas ele podia perceber que entre os candidatos, haviam jovens muito interessantes, e com bastante potencial. Como seus próprios discípulos.

Passando pela casa de Libra, Amauri se sentiu bastante à vontade, já que fora ele o escolhido para guardar aquele templo. Estava orgulhoso de ter conquistado tal posto, embora fosse sabido da parte de todos, que ele, apesar de possuir até uns momentos atrás uma armadura de bronze, era tão forte quanto Van Quine, um cavaleiro de ouro. E enquanto passava pela casa de gêmeos, sentia calafrios. Era triste e melancólico, não parecia refletir a personalidade de quem o guardava.

Um tempo depois, saía pela casa de Áries. E ali próximo, percebia a presença de alguns aspirantes. Resolveu se aproximar para ver como estava o treinamento dos mais novos. Mais perto, pôde ver dois jovens que se enfrentavam em luta, e pareciam bastante empolgados. O primeiro, era bastante alto, cabelos negros espetados para cima, um pouco bagunçado. Olhos negros, pele clara. Seu nome era Tulio, e se autointitulava ‘O Próximo Cavaleiro de Ouro’. O outro jovem que o combatia tinha cabelos claros, bem como seus olhos, tinha uma aparência mais simpática, e era capaz de acompanhar perfeitamente os movimentos de Tulio, apesar de não se adquirir para si nenhum autotítulo, embora tivesse uma reputação ruim com as amazonas do Santuário. Seu nome era Klaus.

Os dois disputavam numa luta bastante equilibrada, quando foram interrompidos.

– Nada mal. Para dois aspirantes, estão bem desenvolvidos. Não duvido que logo ganhem uma armadura de bronze. – Disse Amauri, que sentava ao lado de alguém, enquanto falava.

– Bronze? Está brincando comigo? Não tenho interesse em me tornar um cavaleiro de bronze. Serei o próximo cavaleiro de ouro. – Retrucou Tulio.

– “O Próximo Cavaleiro de Ouro”, você diz? – Perguntou Amauri.

– Sim. Apenas Van Quine-Sama é um cavaleiro de ouro. Eu serei o próximo! – Respondeu prontamente Tulio.

– Ele sempre fala essas bobagens. – Disse Klaus, em tom de deboche.

– Não é bobagem se for verdade. – Respondeu prontamente Tulio.

Amauri sorriu para os dois, e em seguida disse: – Seria muito bom. Precisamos de cavaleiros poderosos no nosso Santuário.

– Mas esses dois ainda são fracos demais, é de dar pena. – Disse a pessoa que estava sentada ao lado de Amauri.

– Fraco? Me chamou de fraco? Quem é você pra dizer alguma coisa aqui? – Disse Tulio, indignado.

– Não se exalte, Tulio. A gente sabe que tem muito a melhorar ainda. – Disse Klaus, enquanto sentava no chão.

– Não. Não vou admitir que qualquer um venha aqui e me chame de fraco. Quem essa garota pensa que é? – Respondeu Tulio, se exaltando um pouco mais.

– Então por que você não a enfrenta Tulio? – Disse Amauri.

A garota em questão era uma das amazonas do Santuário. Tinha longos cabelos castanhos e usava uma máscara prateada.

– Tudo bem. Não precisa se preocupar. Eu vou pegar leve. – Disse a amazona, em tom sério.

– Estão brincando comigo? – Perguntou Tulio.

– Se eu fosse você, não deixava barato, Tulio. Mostra pra ela do que você é capaz. – Dizia Klaus, provocando.

– Está bem! Mas não pense que vou pegar leve só porque você é uma mulher. Venha, mulher cavaleiro! – Gritava Tulio.

Não chegou a ser uma luta. Assim que terminou de falar, a amazona o derrubou com apenas um golpe, lançando o aspirante a uma distância considerável. Klaus, se contorcia no chão, de tanto rir.

– Ele é idiota? Como ele pôde enfrentá-la? – Disse Klaus.

– Foi um erro mesmo. Na próxima, não vou ter pena, mesmo que ele seja apenas um aspirante. Espero que ele tenha aprendido a lição – Completou a amazona.

– É uma boa lição, não é? – Disse Amauri, enquanto ajudava Tulio a se levantar.

Klaus ficou surpreso, pois não viu em que momento Amauri chegou até lá.

–  Senhor Amauri, se me permite, vou me retirar. Tenho coisas mais interessantes para fazer. E a propósito, parabéns. – Disse a amazona, que se retirava.

– Está tudo bem, pode ir. E obrigado, Hannah. – Respondeu Amauri.

Tulio não falava sequer uma palavra.

– Ela é bem forte, não é Amaurizinho? – Disse Klaus.

– Sim. Não sei que tipo de treinamento ela recebeu, nem conheço seu Mestre, mas ela tem boas habilidades. E acho que tem potencial para se tornar uma amazona de ouro um dia. – Relatou Amauri. – Você está bem, Tulio?

– Sim. Não foi nada demais. – Disse Tulio. – Mas por quê ela te deu ‘parabéns’? – Perguntou.

– Ele já deve estar sabendo. Fui promovido a cavaleiro de Ouro. – Disse ele, sorrindo.

Armadura de Ouro de Libra
Armadura de Ouro de Libra

Tulio arregalou os olhos. E Klaus exclamou: – Isso é sério?! Nossa! Isso é muito legal!

Mas Tulio não disse uma palavra.

– É, pelo que parece, você não será o próximo cavaleiro de Ouro, não é Tulio? – Implicava Klaus.

– É diferente. O Senhor Amauri já tem experiência como Cavaleiro. Mas entre todos os que treinam aqui, eu serei o primeiro a me tornar cavaleiro de ouro. Eu juro que serei o cavaleiro de Ouro de Escorpião. – Disse Tulio, resoluto.

– Continue treinando. Assim, isso logo acontecerá. Tenho certeza disso. – Disse Amauri em tom de aprovação.

Após isso, o Cavaleiro de Ouro de Libra os deixou. Era fim de tarde, ele estava um pouco preocupado com seus amigos Willian e Van Quine, que não haviam retornado de sua missão.

APRESENTANDO WILLIAN DE ALTAR

Armadura de Altar
Armadura de Altar

Um jovem de cabelos castanhos, curtos. Com olhos amendoados, pouco expressivos, e olhar apático. Alto e com bom porte, o Cavaleiro de Prata, Willian, era uma das referências do Santuário, embora tivesse apenas um discípulo, Henrique.

Apesar de ser um Cavaleiro de Prata, seu poder não fica atrás do de um cavaleiro de Ouro. Mas sua função no Santuário é a de principal ajudante do Grande Mestre Átila. Por isso, utiliza a armadura de Altar.

Outro aspecto interessante, é o fato de Willian ser um Lemuriano. Mas diferente do que se imagina, ele não conserta armaduras. Ele também não viveu com outros de sua raça. Se viveu, não tem mais recordações. Apesar disso, suas habilidades psíquicas são muito bem apuradas. Embora nem mesmo seus amigos conheçam bem suas técnicas.

Quando Willian chegou ao Santuário, apenas o Mestre Átila e Van Quine estavam lá, ainda reunindo candidatos a cavaleiros. Ele se apresentou diretamente ao Grande Mestre, dizendo que estava ali para cumprir seu dever como Cavaleiro.

[…]

– Dever de Cavaleiro, você diz? O que um moleque sabe sobre o dever de um Cavaleiro? – Perguntou o Mestre ao jovem.

– É dever de um cavaleiro lutar para proteger esta terra em nome e honra da deusa Atena. – Respondeu prontamente o jovem.

– Vá para casa. – Disse o velho Mestre, dando as costas ao jovem.

Mas o garoto permaneceu no mesmo lugar. Ali, ajoelhado em sinal de reverência.

– Não me ouviu? Eu disse para você ir para casa. – Repetiu o Mestre.

– Com todo o respeito, senhor, não cheguei até aqui para retornar depois de ouvir uma resposta negativa. – Respondeu Willian.

O velho Mestre insistiu. – Um moleque como você não entenderia o dever de um cavaleiro. Mesmo sendo um Lemuriano, não acho que você está preparado. Vá embora.

O jovem não mostrou surpresa e nem se levantou. – Então o senhor percebeu que sou um Lemuriano. Como esperado do Grande Mestre, tem boa percepção. Mas talvez não tão boa assim.

– O que quer dizer? – Indagou o Mestre.

– Quero dizer, que ainda não percebeu o meu potencial. – Disse Willian.

– É mesmo? Então vamos ver. Vou te dar a chance de mostrar seu potencial. – Falou o Mestre. – Van Quine, venha até aqui.

Van Quine, que já estava há um tempo na companhia do Mestre, se apresentou diante dos dois.

– O que quer de mim, velhote? – Disse Quine, sem demonstrar nenhum respeito.

– Este jovem diz que está pronto para se tornar cavaleiro. Quero que o enfrente, pra que o possa avaliar. – Disse o Mestre.

– Negado. Não estou interessado, velhote. Por que você mesmo não bate nele? Eu fico assistindo. – Respondeu o jovem Van Quine.

– Eu não me atreveria a enfrentar um Lemuriano sem ao menos conhecê-lo. Seria muita imprudência para um velho como eu. – Falou o velho enquanto se espreguiçava.

– Lemuriano? – Van Quine já tinha escutado histórias do Mestre sobre esta raça de humanos, que foram responsáveis pela criação das armaduras dos Cavaleiros. E sabia também que eles costumam ser excelentes adversários.

– Mudei de ideia. Vamos ver o que ele sabe fazer. – Disse Van Quine, aparentando certa empolgação.

Mas William permanecia inexpressivo. Levantou-se e se posicionou para enfrentar Van Quine.

Sem perder tempo, Van Quine partiu para o ataque direto, com velocidade. Parecia certo o seu soco, mas no último instante Willian desviou. Não foi um simples desvio. Era como se ele já soubesse onde Van Quine iria atacar.

Quine não entendeu exatamente o que aconteceu. Olhou para o Mestre, e este estava surpreso com o que acabara de presenciar. Van Quine não quis ficar atrás, e atacou mais uma vez. Novamente, Willian pareceu prever o ataque direto de Van e desviou. No entanto, foi surpreendido por uma pressão que ele não conseguia entender de onde vinha. Aquela pressão fazia com que seu corpo ficasse mais pesado. Dessa forma, mesmo que pudesse prever o ataque de Van Quine, talvez não pudesse desviar.

Van Quine atacou pela terceira vez, sabendo que não haveria chances de desvio. Olhou bem nos olhos de Willian, e disse: “Acabamos aqui!”, acertando-o em cheio. O corpo do Willian de desfez, como se tivesse sido transformado em poeira estelar.

– Mas o quê…? O golpe não foi tão poderoso assim. – Disse Van Quine.

– TIME LIES. – Ouviu-se a voz de Willian ecoando na Sala do Grande Mestre. Quando se deu conta, Van Quine estava diante de Willian novamente. Era como se nada tivesse acontecido. Willian não foi atingido.

– Já é o suficiente. -Disse o Mestre. – Seja bem-vindo, discípulo de Aeon.

O Mestre foi capaz de perceber e compreender o talento do jovem, embora também pudesse perceber que ele ainda não estava pronto.

– Seu nome é Willian, não é? A partir de hoje, você inicia seu treinamento comigo. – Disse o velho Mestre. – A partir de agora, você e Van Quine, serão companheiros de treinamento.

 

Já sentiu alguma vez seu cosmo interior?

Baseado na obra do mestre Kurumada

 

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