O fim de semana passou como um borrão, e quando Andrey se deu conta, já era segunda-feira. A rotina estava de volta, mas sua mente continuava presa na festa de sexta. Ele ainda conseguia sentir o gosto do beijo de Thais, e para sua surpresa, ele gostou mais do que esperava. Mas, ao mesmo tempo, a imagem de Tatianni com Tony não saía da sua cabeça. Ele se questionava se realmente reprovava o estilo de vida dela ou se estava apenas lidando com o amargo sabor da rejeição — embora, na verdade, ele nunca tivesse tentado nada com ela.

O dia no trabalho passou lentamente. Andrey não conseguiu ser produtivo, respondendo a e-mails e demandas de forma mecânica, sem realmente se concentrar em nada. O turbilhão de pensamentos sobre Thais e Tatianni o distraía constantemente. Normalmente, ele almoçaria no restaurante de Tatianni, mas hoje decidiu fazer algo diferente. Mandou uma mensagem para seu velho amigo John, e combinaram de se encontrar para almoçar no shopping da Avenida Paulista.

John era engenheiro civil e amigo de Andrey desde a infância. Ele sempre teve uma visão mais prática da vida e, como bom amigo, sabia bem como Andrey se sentia em relação a Tatianni. Assim que se encontraram no shopping, pediram a comida e começaram a conversar. John foi direto ao ponto.

— Cara, você precisa esquecer a Tatianni. Ela nunca te deu bola, e a Thais está claramente interessada em você. Abraça a oportunidade.

Andrey suspirou, mexendo a comida no prato com o garfo.

— Eu sei, John. Mas… é a irmã mais nova dela. Não me sinto certo em trocar uma pela outra.

John deu uma risada leve e balançou a cabeça.

— Não é uma troca, Andrey. Você nunca teve nenhuma delas. A Thais é uma boa garota, e você gostou do beijo, certo? Qual o problema em dar uma chance?

Andrey tentou, sem sucesso, convencer John — e a si mesmo — de que isso estava errado de muitas formas. Mas a verdade era que, por mais que quisesse continuar fiel ao seu sentimento por Tatianni, algo em Thais o atraía de um jeito que ele não conseguia ignorar. No final, o almoço não levou a lugar nenhum, deixando Andrey ainda mais confuso.

Enquanto isso, em outro canto da cidade, Tatianni esperava por Andrey no restaurante, como de costume. Ela queria compartilhar algumas novidades e descobrir o que ele realmente queria lhe dizer na festa. Mas o tempo passava, e nada de Andrey aparecer. Já passava das 14 horas quando ela decidiu enviar uma mensagem.

“Ei, não vai almoçar hoje?”

A resposta veio rápida, mas não do jeito que ela esperava.

“Já almocei. John me pegou de surpresa e me levou para almoçar.”

Tatianni sentiu uma pontada de desapontamento, mas não deixou transparecer.

“Ah, tudo bem! Fiquei preocupada, mas se você já comeu, está tudo certo. Amanhã a gente se vê então.”

Ela desligou o telefone, sentindo uma leve frustração, mas decidiu que não valia a pena insistir. Deixaria para falar com Andrey no dia seguinte.

Na mesma tarde, do outro lado da cidade, Thais estava na faculdade, mas sua mente estava longe. As aulas de Química pareciam intermináveis, e tudo o que ela conseguia pensar era no beijo que roubara de Andrey na festa. Foi um risco, mas havia valido a pena. Agora, ela só queria vê-lo de novo.

No dia seguinte, Andrey ainda estava tentando fugir de Tatianni, sem saber como lidar com seus sentimentos conflitantes. Foi quando recebeu uma mensagem inesperada de Thais.

“Ei, que tal almoçarmos hoje? Estou aqui perto da Mackenzie.”

Ele aceitou sem pensar muito, talvez querendo seguir o conselho de John ou apenas buscando uma distração. Quando se encontraram, Thais parecia radiante, e ele não pôde deixar de notar como era fácil estar com ela. Pediram o almoço — Thais escolheu um peru marinado na laranja, e Andrey, um bife a rolê, algo que ele provavelmente não pediria se estivesse com Tatianni.

Depois do almoço, decidiram dar uma volta pelo Parque Augusta. Thais se divertia julgando os cachorros e seus donos que passeavam por ali, e Andrey ria muito com seus comentários. Ela tinha um jeito leve, despreocupado, que o fazia esquecer os dilemas que o atormentavam.

Enquanto caminhavam, Andrey começou a se sentir mais à vontade. Ele percebeu que, com Thais, ele poderia ser ele mesmo, sem as pressões e expectativas que sentia com Tatianni. Foi então que, num impulso, segurou o braço de Thais e a olhou nos olhos.

— Quer ver eu te beijar?

Ela sorriu, surpresa e contente.

— Sim.

Andrey a beijou, sem hesitação, e foi naquele momento que ele percebeu que, talvez, seu amigo John estivesse certo. Talvez fosse hora de abraçar a oportunidade que estava bem diante dele. Ou será que foi um erro?

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