Andrey estava com a mente em frangalhos. O beijo em Thais no dia anterior não saía de sua cabeça. Sentia que tinha cometido um erro, mas ao mesmo tempo, não sabia como consertá-lo. Pior ainda, estava apavorado com a ideia de Tatianni descobrir e, ao mesmo tempo, preocupado que Thais agora esperasse algo sério dele.

Naquela manhã, enquanto tentava focar no trabalho, Tatianni mandou uma mensagem: “E aí, hoje você vem? Ou não pretende nunca mais almoçar aqui no Paladino?”

O coração de Andrey disparou. Ele não podia mais fugir. Confirmou que iria, mas a ansiedade só aumentava. A produtividade no trabalho foi sua única distração, mas, ao meio-dia, não havia mais como evitar.

Ao chegar no Paladino, Tatianni foi direta: “Que bom que você veio. Precisamos conversar. É sério.”

Andrey tentou desviar. “Como vai o Tony?”

“Quem?” Tatianni perguntou, surpresa.

“O cara que você me apresentou na festa do Theo.”

“Ah, ele? Nem lembro da cara dele. Deve estar bem, mas não faz diferença.” Ela respondeu com indiferença.

Andrey riu, nervoso. “Que loucura, né?”

“Nada demais, só o de sempre.” Tatianni respondeu, rindo também.

Andrey sabia que precisava mudar de assunto, então disse: “Quero mudar um pouco hoje, vou pedir a lasanha bolonhesa.”

Enquanto Tatianni se levantava para fazer o pedido, Andrey respirou fundo, tentando organizar seus pensamentos. Quando ela voltou, insistiu: “E então? Sobre o que queria falar?”

“Sabe… é sobre a Thais,” começou ele, hesitante.

“Ah, se for sobre ela, já estou por dentro de tudo,” respondeu Tatianni rapidamente.

Andrey congelou. “Sério? E você tá bem com isso?”

“Sim,” disse ela. “Ela me contou que usou meu número pra te mandar mensagem e depois te beijou na festa. Mas, Andrey, Thais se apaixona toda semana. Semana passada era por um cara do curso dela.”

Andrey processou a informação. Talvez Thais fosse como Tatianni, e perdesse o interesse rapidamente. Isso, de alguma forma, o aliviou.

O almoço seguiu tranquilo até que, ao final, Andrey se lembrou: “Mas você também tinha algo importante pra dizer, não tinha?”

Tatianni respirou fundo. “Sim. Recebi uma proposta para um intercâmbio na França, treinando como gerente de restaurante. Se eu aceitar, serão seis meses longe.”

Andrey ficou impressionado. “Isso é incrível, mas por que está em dúvida?”

Ela desviou o olhar. “Desde que minha irmã falou que estava interessada em você, isso tem me incomodado. E quando ela disse que te beijou, fiquei mal, mesmo tentando ignorar. Acho que… gosto de você mais do que como amigo.”

Andrey, pego de surpresa, tentou brincar. “Gosta de mim como um Transformer?”

Tatianni riu, mas logo ficou séria. “Para com isso. Estou falando sério.”

Ele não sabia o que dizer. Aquilo era o que sempre quis ouvir, mas agora, com Thais envolvida, tudo parecia errado.

“Não quero viajar e deixar você com Thais,” continuou ela. “Ela é incrível, e isso me mata de ciúmes.”

Andrey estava em choque. “Eu… não sei o que dizer.”

“Eu só queria que você me ajudasse com essa decisão,” disse ela, a voz trêmula.

Andrey olhou o relógio. “Já deu minha hora. Vamos pensar juntos nisso amanhã, pode ser?”

Tatianni assentiu, e Andrey se despediu com um carinho na cabeça dela. No caminho de volta, sua cabeça estava a mil. Precisava conversar com alguém, então mandou uma mensagem para John, pedindo ajuda. Combinou com ele de se encontrar após o expediente.

Quase ao mesmo tempo, Thais enviou uma mensagem: “Podemos nos ver depois do seu expediente?”

Andrey respirou fundo antes de responder: “Claro, a gente se vê depois.” E sentia que o pior ainda estava por vir.

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