Andrey acordou naquela quinta-feira com a cabeça a mil, sentindo-se completamente perdido. A semana tinha sido tão intensa que ele mal sabia em que dia estava. Ainda era quinta-feira? Tudo parecia um borrão de decisões difíceis e emoções confusas. Ele havia prometido a si mesmo que resolveria as coisas com Tatianni naquele dia, especialmente após a revelação surpreendente dos sentimentos dela por ele. Mas isso ainda o deixava perplexo.

Além disso, Thais ainda estava na equação, esperando por uma oportunidade para esclarecer as coisas entre eles. Andrey estava tentando entender tudo, mas seus pensamentos estavam emaranhados, tornando a situação ainda mais complicada.

Enquanto tentava se concentrar no trabalho, ele se lembrou de que havia deixado John esperando no outro dia e que precisava se desculpar. Entre todas as pessoas com quem precisava conversar, John parecia ser o mais fácil de lidar.

Andrey pegou o telefone e ligou para John, pronto para se desculpar. Quando John atendeu, ele já começou com um tom descontraído.

“Finalmente resolveu me dar uma satisfação, hein?”

Andrey suspirou. “Cara, me desculpa pelo outro dia. Foi uma confusão, eu acabei me enrolando e…”

John ouviu tudo e depois riu do outro lado da linha. “Andrey, você tá mesmo ferrado. Cara, ainda bem que eu não sou você.”

Andrey tentou manter a calma, mesmo sentindo o peso da situação. “Eu sei, estou tentando resolver tudo. Foi mal mesmo por te deixar esperando. Prometo que não vai se repetir”

John continuou rindo. “Relaxa, eu só estava tirando sarro. Mas me conta, como vai ser? Tatianni ou Thais? Ou quem sabe… as duas, hein?”

A sugestão de John fez Andrey ficar irritado. “John, fala sério! Tô falando um assunto sério, e você com essa bobeiras, se liga!.”

Sem paciência para continuar a conversa, Andrey desligou após expressar sua indignação. A primeira conversa estava resolvida, mas o dia ainda seria longo.

De volta ao trabalho, Andrey sabia que precisava focar nas suas tarefas, mas a cabeça estava em outro lugar. Ele decidiu que precisava de um tempo para resolver suas questões pessoais. Com isso, foi até a sala de seu chefe e pediu para ser dispensado após o almoço.

“Eu preciso resolver uns problemas pessoais, chefe. Posso sair mais cedo hoje?”

O chefe olhou para Andrey, percebendo o quão perturbado ele parecia. “Tudo bem, Andrey. Termine o que precisa e pode sair depois do almoço.”

Com a tarde livre, Andrey sentiu um breve alívio. Agora, ele teria tempo para resolver tudo. Mas antes disso, precisava terminar suas tarefas e combinar os encontros com Tatianni e Thais. Mandou mensagens para ambas, tentando organizar os horários.

Por um momento, ele sentiu que estava tudo sob controle. Mas logo se lembrou de que, apesar de tudo estar agendado, as decisões que precisava tomar ainda pesavam em sua mente. Ele sabia que o encontro com Tatianni seria o mais importante. Ela sempre foi especial para ele, e a possibilidade de finalmente ficarem juntos estava mais próxima do que nunca. Mas Thais também estava envolvida, e isso complicava tudo.

Com o plano em mente, Andrey se preparou para o que seria um dos dias mais decisivos de sua vida.

Andrey sentiu o peso das decisões enquanto caminhava até o restaurante Paladino. A cabeça girava com as possibilidades e as consequências do que estava por vir. Ele sabia que seu encontro com Tatianni seria crucial, e o futuro de ambos dependia das palavras que escolheria.

Ao chegar ao restaurante, viu Tatianni sentada à mesa, mexendo ansiosamente no celular. Quando ela o viu, um sorriso aliviado surgiu em seu rosto.

“Finalmente você chegou! Parecia que essas 24 horas estavam durando um ano,” disse ela, se levantando para cumprimentá-lo.

Andrey retribuiu o sorriso, tentando esconder sua própria ansiedade. “Desculpa a demora. Hoje foi uma correria.”

“Então, o que vai querer hoje?” Tatianni perguntou, tentando manter o clima leve.

Andrey sabia que aquela refeição seria um dos últimos momentos de descontração antes de abordarem o assunto delicado que pairava entre eles. “Vamos voltar ao tradicional. Fetuccine à carbonara e aquela picanha gaúcha que eu amo.”

Eles comeram enquanto conversavam sobre assuntos triviais, como o Campeonato Brasileiro. Ambos eram torcedores fervorosos do São Paulo e relembraram com nostalgia os jogos que assistiram juntos no Morumbi. Era um dos poucos pontos de estabilidade em meio ao turbilhão de emoções que Andrey estava enfrentando.

Mas ele sabia que, eventualmente, teriam que falar sobre o que realmente importava.

Quando terminaram a refeição, Andrey respirou fundo e encarou Tatianni. “Acho que está na hora de falarmos sobre o elefante branco na sala.”

Tatianni assentiu, a expressão dela mudando para algo mais sério. “Você pensou no que eu disse?”

Andrey tomou um gole de água, tentando organizar seus pensamentos antes de falar. “Tatianni, em primeiro lugar, quero deixar claro que você não deve perder essa oportunidade de jeito nenhum. Sua carreira é muito importante, e eu jamais diria algo que pudesse te atrapalhar. Sobre o que você me disse… Bem, talvez você não saiba, mas eu sempre fui apaixonado por você.”

Tatianni arregalou os olhos, surpresa. “Espera, o quê? Você? Apaixonado por mim? Eu é que sempre fui apaixonada por você, mas nunca tive coragem de dizer nada porque você sempre me tratou como amiga.”

Andrey ficou sem palavras por um momento, a revelação de Tatianni pegando-o de surpresa. Ele abriu a boca para falar, mas ela continuou.

“Mas tudo bem, isso não importa mais agora. A questão é: o que a gente faz a partir daqui?”

Andrey respirou fundo, sabendo que precisava ser firme em sua resposta. “Vá para Paris, viva seu sonho. Eu prometo que vou te esperar. Quando você voltar, a gente conversa sobre isso. Se for para ficarmos juntos, vai acontecer na hora certa.”

Tatianni parecia aliviada, como se um grande peso tivesse sido tirado de seus ombros. “Obrigada, Andrey. Eu precisava ouvir isso.”

Eles se despediram como sempre, mas Andrey sentiu que algo havia mudado entre eles. Ele sabia que a história deles ainda não havia terminado, mas por agora, estava satisfeito com a decisão.

Enquanto saía do restaurante, Andrey sabia que ainda tinha outro encontro importante pela frente. Agora, era hora de resolver as coisas com Thais.

Andrey caminhava pelo Parque Augusta, seu coração batendo acelerado. Ele estava ansioso para resolver as coisas com Thais, mas o encontro com Tatianni ainda pesava em sua mente. As decisões que havia tomado pareciam corretas, mas a incerteza sobre o que viria a seguir o deixava inquieto.

Thais o esperava em um banco de madeira, olhando para o lago. Assim que o viu se aproximar, levantou-se e caminhou até ele. Os cumprimentos foram breves: um beijo no rosto e um leve abraço. Andrey notou que Thais parecia um pouco distante, mas ela não disse nada.

Ele decidiu ir direto ao ponto. “Me desculpa, Thais. Eu sei que fui um moleque com você. Sinto como se tivesse me aproveitado de você. Você é irmã da Tatianni, eu não devia…”

Thais franziu o cenho, surpresa. “Do que você está falando? Tudo isso por causa de uns beijos? Sério que te incomodou tanto?”

Andrey ficou confuso com a resposta dela. Ele esperava uma reação mais intensa, algo que refletisse a gravidade que ele atribuía à situação. Mas Thais parecia minimizar tudo, como se não tivesse importância. Isso o deixou desconcertado.

Ele então se lembrou de como Tatianni tratava seus ficantes, sem se apegar muito. Será que Thais era igual? Ele decidiu perguntar, mesmo que de forma indireta. “Ué, então por que motivo você queria me ver com tanta pressa?”

“A minha irmã,” respondeu Thais rapidamente, desviando o olhar. “Acho que ela vai pra França estudar, trabalhar, algo assim. Mas por algum motivo ela está em dúvida.”

Andrey ficou em silêncio por um momento, tentando processar a mudança repentina de assunto. Ele questionou internamente se Thais estava sendo sincera ou apenas evitando a conversa que ele havia iniciado. No entanto, o que ela disse fazia sentido. Tatianni estava realmente em dúvida sobre ir para a França, e Thais, como irmã, poderia estar preocupada.

“Eu falei com ela,” Andrey admitiu. “Acredito que ela vai sim, na semana que vem, se não estou enganado.”

“Então,” continuou Thais, parecendo aliviada por Andrey saber da situação, “eu estava pensando em fazer uma despedida pra ela. Quero que me ajude com isso. Mas não posso falar disso agora. Podemos nos encontrar no sábado lá em casa pra decidir como vamos fazer? Eu preciso me encontrar com uns amigos na biblioteca pra discutirmos um trabalho que vamos apresentar amanhã. Tudo bem pra você? Prometo que era só isso, mesmo.”

Antes que Andrey pudesse responder, Thais já estava se levantando, pronta para ir embora. Ele também se levantou, sorrindo de alívio. “Tudo bem, sábado a gente vê isso então.”

Eles se despediram de forma rápida, sem grandes cerimônias. Andrey assistiu Thais se afastar, sentindo uma mistura de alívio e incerteza. As coisas haviam se resolvido de forma surpreendentemente tranquila, e ele não conseguia deixar de sentir que talvez tivesse exagerado em sua preocupação.

Ao voltar para casa, Andrey sentiu-se mais leve. Finalmente, os dilemas que o atormentavam nos últimos dias pareciam estar chegando a uma conclusão. Ele podia agora focar em suas próprias decisões e deixar que as coisas seguissem seu curso.

Thais, no entanto, não estava tão tranquila. Assim que entrou na faculdade, lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto. Ela se dirigiu rapidamente ao banheiro, tentando se recompor antes de encontrar os amigos. Enquanto chorava, sentiu um peso enorme em seu peito, sabendo que havia mais naquela história do que Andrey imaginava.

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