Andrey estava estranhamente empolgado. Ele queria muito sair com a Garota de Floral, e ele se perguntava se seria deselegante perguntar o nome dela, já que ele tem certeza que eles não se apresentaram na noite anterior. Mas e se ela falou o nome e ele nem se lembra mais? Afinal ele bebeu além da conta.
Então ele teve uma ideia, a ideia mais óbvia e genial de todas. Mandou uma mensagem para Larissa “Lari, me ajuda. Preciso saber tudo sobre a garota de floral. Quero saber nome, idade, antecedentes, e qualquer informação que você achar útil.” Larissa recebeu a mensagem, e perguntou. “Por que quer saber tanto sobre ela? Não perguntou essas coisas?”
Andrey respondeu com sinceridade. “Não. A gente conversou sobre várias coisas, mas não nos apresentamos.”
“Então tá. Eu já tinha me adiantado. Lá vai.” Larissa já tinha levantado as informações antes mesmo de Andrey pedir, e já foi passando. “O nome dela é Fernanda, ela tem 20 anos, 3 a menos que você, ela é professora de Espanhol, estuda Letras na Mackenzie, e até uns 3 dias atrás ela tinha um namorado chamado Rodrigo. Eles terminaram, na verdade ele terminou com ela, e não é a primeira vez, parece ser um relacionamento bem complicado. Ele vai e volta quando quer e ela sempre o aceita de volta. Ela trabalha em uma escola particular no Bairro da Liberdade e eu vi que ela também dá aulas particulares. Ela gosta de Pop Rock, a banda favorita dela é Forfun, e ano passado ela foi assistir CPM 22 no Rock in Rio. Bom é isso, quer saber mais alguma coisa?”
Andrey não sabia se estava grato ou assustado com a capacidade de Larissa, mas agradeceu pelas informações. Ele estava preocupado com a questão do namorado. E com o fato de ela estudar na Mackenzie, mesmo lugar em que Thais cursava Química. Havia muita coisa para se pensar, mas Andrey quis ser otimista, focou no fato de que naquele momento, ela estava solteira, e sairia com ele. Poderia ser um grande momento de virada pra ela. E quem sabe pra ele também.
O encontro estava combinado para as 20h00 na hamburgueria Mr Big, uma hamburgueria geek da cidade, muito comentada.
Andrey chegou cedo, ansioso, ficou em frente ao local esperando Fernanda, ela cegou uns minutos depois também antes do horário combinado, ela usava um vestido verde que parecia bastante confortável, e ela estava linda, Andrey perdeu a fala por um momento. “Chegou cedo, que bom, não gosto de esperar, fico ansiosa.” Disse Fernanda. Andrey apenas esboçou um sorriso, ainda meio tonto, como se tivesse batido a cabeça. Fernanda se aproximou e o cumprimentou com um beijo no rosto, Andrey estava todo duro, e mal abaixou pra cumprimentar direito, ela ficou na ponta dos pés pra poder alcançá-lo. E ele reagiu bem pouco. “Vamos entrar” Disse a garota de floral. “Andrey” disse o rapaz, subitamente. “Andrey é meu nome, eu não em apresentei” Completou, nitidamente nervoso. “Ah, é verdade. A conversa foi tão boa que a gente nem se apresentou direito. Muito prazer, Fernanda.” Disse a garota.
Eles escolheram uma mesa e sentaram, e nesse momento parece que Andrey voltou a si. Se desculpou pelas cenas que fez desde que se encontraram, dizendo que não sabia porque estava tão nervoso. Ela riu e disse que achou fofo.
Andrey voltou ao seu estado normal, e tentou puxar assunto pensando em como chegaria ao tema do namorado de Fernanda.
“Você trabalha? Estuda? faz o que na vida? Vive sozinha?” Perguntou ele achando que estava sendo normal. “Nossa, já foi perguntando tudo de uma vez? Bem direto você, né?” Ela falou sorrindo, sem se importar com as perguntas e foi logo respondendo.
“Eu sou tradutora e professora, trabalho em uma escola, dando aulas de espanhol, mas eu gosto mais de trabalhar com tradução. Eu estudo também. Faço faculdade de Letras, aqui perto na Mackenzie. Tenho 20 anos. Eu não sou de São Paulo, eu vim pra cá por causa da faculdade. Sou do litoral, Guarujá. Moro sozinha lá região da República, perto da estação Anhangabaú. E você?” Ela realmente contou tudo, e bateu com as informações que ele recebeu de Larissa. Ele estava aliviado por um lado, já que Fernanda parece alguém normal. Mas por outro lado, a precisão nas informações e Larissa é algo que não tem como explicar, e isso dá medo.
Andrey não demorou a responder “Bom, como eu disse antes me chamo Andrey, e eu nasci e cresci e Jundiaí, me mudei pra cá na época da faculdade, estudei na USP, sou formado em Ciência da Computação, tenho 23 anos e trabalho com tecnologias voltadas pra inteligência artificial, recentemente abri meu próprio escritório. Moro sozinho em um apartamento na Alameda Santos, perto da Consolação. A gente mora até que bem perto um do outro, né?”
Fernanda sorriu, e perguntou se ele tinha respondido quase igual ela porque estava tirando sarro do jeito dela. Ele disse que não e que estava apenas retribuindo a maneira como ela foi ela foi solícita com as informações.
“E namorado, você tem?” perguntou ele, atravessando completamente o clima. Fernanda hesitou por um instante, mas disse: “O que você acha? Acha que eu sairia com você se eu tivesse um namorado?” E ficou olhando pra ele com uma cara bem séria.
Andrey se desculpou novamente e disse que perguntou sem pensar, que era difícil entender como uma menina tão linda e tão incrível estava solteira numa cidade como São Paulo. E então Fernanda caiu na risada. Ela disse que estava brincando, só queria deixá-lo sem graça pra ver como ele reagiria e achou hilário. Mas ela continuou sua resposta logo depois. “É, então, como eu posso dizer… Eu meio que tinha namorado até uns dias atrás, na sexta, depois de 3 dias sem me dar notícias ele apareceu pra dizer que queria terminar. Aí eu saí pra dançar e esvaziar a cabeça. E encontrei você.”
Andrey ficou mais seguro com a sinceridade que ela demonstrava. Não parecia haver mistérios e incertezas nessa relação nova. Diferente do que experenciou com Tatianni. “E você acha que é pra valer? Digo, o término. Acha que é realmente pra valer? Ou será que segunda feira quando eu disser que quero te ver de novo, você vai me dizer que voltou com o seu namorado?” Ele foi bem direto, mas Fernanda não se intimidou com a pergunta e foi logo respondendo.
“Hm, sabe, é um relacionamento de 2 anos e meio. Teve seus altos e baixos. Mais baixos do que altos? Talvez, mas também foi muito importante pra mim. Eu posso dizer que hoje, eu não quero vê-lo nem pintado de ouro. Mas o que mais me incomodou foi o que você disse.”
Andrey ficou confuso ao ouvir. “Mas o que eu disse que você pode não ter gostado?” Perguntou ele confuso.
“Você disse que vai esperar até segunda feira pra dizer que me ver de novo. Sério isso? Domingo simplesmente não existe, né?”
Mais uma vez Andrey se desculpou, e disse que não era esse o ponto e que ela sabia disso, mas que estava tudo bem.
“Não, não está tudo bem. Eu já perdi as contas de quantas vezes você já se desculpou hoje. Não sei a sua história e seus traumas, mas comigo você não precisa ficar se desculpando toda hora. Está bem?” E essas palavras dela foram muito reconfortantes. Era incrível como qualquer coisa que ela falava fazia com que Andrey se sentisse muito bem.
O pedido deles finalmente chegou e ele comeram. Enquanto comiam, não falavam nada. Mas parecia que estavam se entendendo bem apenas com os olhares.
Após terminarem de comer, Andrey perguntou como ele poderia se redimir, já que ele passou a noite toda se desculpando.
Fernanda disse que vai pensar no assunto e responde amanhã quando estiverem almoçando.
“Espera, almoço amanhã? É um convite?”
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