Já parou para pensar que as vezes a gente faz escolhas que parecem tão certas e mesmo assim, não concordamos? Seja por ausência de lógica, ou excesso de preciosismo, muitas vezes é difícil aceitar algumas decisões que tomamos mesmo tendo certeza de que são as escolhas corretas. Eu conheço um casal, não, não são um casal, mas poderiam, ou talvez não. Essa história, não é uma história de amor, mas certamente uma história sobre amor. Sobre escolhas, provas, promessas, renúncias… E para começar a viajar nessa narrativa, temos que voltar um pouquinho no tempo.
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O campus da faculdade de Los Santos estava sempre cheio de vida, mas naquela tarde de setembro de 2007, a energia era especialmente vibrante. Os estudantes se espalhavam pelos gramados e corredores, rindo, discutindo sobre as aulas e fazendo planos para o próximo evento do semestre. Entre a multidão, caminhava um jovem que parecia alheio a todo o burburinho ao seu redor.
Maximillian Villanueva, ou Max, como era conhecido, carregava seus livros de Física com uma confiança tranquila. Ele era um estudante brilhante, o tipo de pessoa que sempre tinha uma resposta pronta e uma solução para cada problema. Seu olhar analítico parecia pesar cada detalhe ao seu redor, sempre à procura de algo que valesse a pena observar. Max estava no seu último ano de faculdade e tinha a mente voltada para o futuro — um futuro que ele acreditava ser lógico, calculado, previsível.
Enquanto Max se dirigia para o campo de futebol, sua mente estava focada em resolver uma equação complicada da Teoria das Cordas. Ele se perguntava se os princípios de unificação poderiam ser aplicados de uma nova maneira, quando ouviu uma voz familiar:
“Max, vamos! Precisamos de você no time!” gritou Adrian, um amigo próximo e companheiro de jogo. Adrian era estudante de Educação Física e primo de uma garota que todos comentavam ser a estrela em ascensão no curso de Moda.
Max assentiu e colocou os pensamentos científicos de lado, trocando-os pela adrenalina do jogo. Enquanto se aquecia, ele notou a arquibancada cheia de rostos familiares e desconhecidos. Foi então que seus olhos pousaram em uma figura que, por algum motivo, se destacava de todas as outras.
Sentada na arquibancada, Jéssica Nasser observava o campo com um olhar atento e um sorriso suave. Seus cabelos caíam em ondas soltas, e ela parecia estar totalmente imersa no momento, torcendo com entusiasmo pelo time. Jéssica era uma estudante de Moda, apaixonada por design e cheia de sonhos sobre criar algo que inspirasse as pessoas. Havia um brilho em seus olhos, uma faísca de curiosidade e esperança, algo que chamou a atenção de Max de imediato.
Após a partida, que terminou com uma vitória apertada para o time de Max, Adrian fez as apresentações. “Max, essa é minha prima, Jéssica. Jéssica, esse é Max, o nosso Einstein do time,” brincou Adrian, dando uma piscadela para Max.
Max estendeu a mão, tentando esconder o leve nervosismo. “Prazer em te conhecer, Jéssica,” disse ele, tentando soar o mais casual possível.
Jéssica sorriu, um sorriso que parecia iluminar todo o seu rosto. “O prazer é meu, Max. Adrian vive falando de você. Parece que, além de ser bom de bola, você também entende muito de Física.”
Max soltou uma risada nervosa, coçando a nuca. “Bem, eu tento. Física é a parte fácil. Difícil mesmo é entender o que fazer fora do laboratório.”
Os dois trocaram um olhar rápido, um momento de conexão que parecia sugerir que, de alguma forma, eles se entendiam. Mas, antes que a conversa pudesse avançar, Jéssica foi chamada por um grupo de amigos, e Max apenas a observou se afastar, ainda sorrindo.
Enquanto Max caminhava de volta para o vestiário, a imagem de Jéssica não saía de sua mente. Havia algo nela que ele não conseguia explicar — algo que parecia desafiar todas as suas certezas lógicas.
Nos dias seguintes, Max não conseguia parar de pensar em Jéssica. Ele se pegava checando o MSN com mais frequência do que o normal, esperando, talvez, vê-la online ou receber uma notificação inesperada. Então, como se o destino estivesse ao seu lado, Adrian deu uma mãozinha.
“Se você está tão interessado na minha prima, por que não fala com ela diretamente?” disse Adrian, com um sorriso malicioso. “Aqui, vou te passar o contato dela no MSN. Só não diga que fui eu que fiz isso!”
Max hesitou por um instante, mas a curiosidade e a vontade de conhecê-la melhor falaram mais alto. Ele adicionou Jéssica no MSN e, para sua surpresa, ela aceitou a solicitação quase que instantaneamente. A partir dali, o que começou como uma troca de mensagens tímidas e ocasionais logo se transformou em longas conversas que iam até altas horas da madrugada.
Cada palavra que trocavam parecia aproximá-los mais. Jéssica falava sobre seus sonhos na moda, sobre como queria criar algo que tocasse as pessoas de um jeito especial, enquanto Max compartilhava suas teorias e fascínio pelo universo, coisas que ele raramente discutia com outras pessoas. A conexão entre eles era clara, mas havia um obstáculo que Max não conseguia ignorar: Jéssica já estava em um relacionamento.
Mesmo assim, ele não podia evitar sentir que algo especial estava crescendo entre eles. Algo que era tão real e tangível quanto qualquer teoria que ele já tinha estudado. Mas a lógica de Max, que ele tanto valorizava, não conseguia encontrar uma solução ou explicação para a confusão de sentimentos que começava a tomar conta dele.
E assim, sem saber ao certo onde aquilo os levaria, Max e Jéssica começaram a trilhar um caminho que mudaria para sempre o rumo de suas vidas — um caminho que eles mal sabiam que se cruzaria repetidamente, sempre no mesmo dia.
Max se ajeitou na cadeira de seu quarto, olhando para a tela do computador com um misto de ansiedade e expectativa. O ícone do MSN Messenger piscava discretamente no canto inferior direito, sinalizando uma nova mensagem. Era Jéssica. Desde que começaram a conversar, suas noites se tornaram menos sobre Física e mais sobre essa nova e inesperada conexão que ele não conseguia tirar da cabeça.
Jéssica Nasser diz: Oie, Tudo bem? Como foi na facul hoje?
Max Villanueva diz: Oi, Jéssica! Tudo bem sim, e vc? Passei o dia todo quebrando a cabeça com uma equação, mas acho que estamos fazendo progresso!
Jéssica Nasser diz: Ah, que bom! Admiro muito essa sua dedicação. Acho que nunca conseguiria me concentrar tanto assim em uma coisa só. Eu sou meio… dispersa, sabe? 😂
Max sorriu para a tela. Era impressionante como ele já se sentia à vontade com Jéssica, como se as palavras fluíssem naturalmente quando falava com ela, mesmo que não soubesse exatamente onde aquilo os levaria.
Max Villanueva diz: Dispersa? Acho que não, heim… Pelo que vc me contou, você tem um foco incrível pra moda. Os seus desenhos devem ser incríveis!
Jéssica Nasser diz: Obrigadaaa! 💖 Eu realmente amo o que faço. Às vezes, fico até de madrugada desenhando e imaginando como seria ver tudo aquilo na passarela. Mas… é meio difícil, sabe? Às vezes sinto que o que quero está tão longe.
Max Villanueva diz: Eu entendo isso. Acho que todos nós temos nossos sonhos que parecem impossíveis às vezes. Mas eu realmente acredito que vc vai conseguir. Vc tem um brilho nos olhos quando fala sobre moda, e isso é mais poderoso do que qualquer obstáculo.
O coração de Jéssica acelerou. As palavras de Max a tocavam de uma forma que ela não esperava. Ela estava acostumada a ser incentivada, mas havia algo diferente em como Max via o potencial dela — como se ele enxergasse algo que ela mesma ainda não havia descoberto.
As conversas começaram a se tornar mais longas e pessoais. Eles falavam sobre tudo: sonhos, medos, filmes favoritos, momentos de infância. Aos poucos, as defesas de ambos iam se desfazendo. Max compartilhava detalhes sobre sua infância difícil, o esforço para conquistar tudo com sua inteligência e determinação. Jéssica, por outro lado, confessava suas inseguranças e dúvidas sobre o relacionamento que tinha com Mark, algo que ela nunca havia revelado para ninguém.
Jéssica Nasser diz: Vc acredita que, às vezes, sinto que estou vivendo a vida que os outros esperam de mim? Tipo… acho que nunca falei isso pra ninguém, mas tem vezes que eu não sei se estou fazendo o que e realmente quero. Sabe o Mark? Todo mundo fala que eu deveria ficar com ele, namorar e tals, mas não sei… ele é legal, é bonito, não tenho nada contra ele, eu só…. não sei. Vc é a úncia pessoa que não me diz pra icar com ele, é muito melhor converar com vc. Vcs jogam no mesmo time, né? Deve ser chato eu falar sobre essas coisa pra vc.
Max leu aquela mensagem uma, duas, três vezes. Ele não sabia exatamente como responder. Por um lado, queria ser racional, dizer algo lógico. Por outro, havia um lado emocional que ele não podia mais ignorar.
Max Villanueva diz: Sabe, às vezes a gente fica preso ao que é “certo” e esquece de perguntar se é isso que realmente queremos. Eu só acho que você merece ser feliz, sabe? Tipo, de verdade.
Jéssica ficou em silêncio por um instante antes de responder. Do outro lado da tela, ela sentia algo que não sabia explicar. Era como se Max estivesse vendo através dela, enxergando suas dúvidas e incertezas, e isso a fazia sentir algo que não sentia havia muito tempo.
A cada noite, as conversas se tornavam mais intensas, cheias de significados não ditos. Ambos começaram a perceber que a amizade que estavam construindo era, na verdade, algo mais profundo. Algo que eles não tinham a coragem de nomear.
Então, uma noite, quando os dois estavam mais vulneráveis e honestos do que nunca, Max fez a proposta que mudaria tudo.
Max Villanueva diz: Tá a fim e sair comigo, Jéssica? Tipo… pessoalmente. Eu sei que pode parecer estranho, mas acho que seria bom nos vermos fora dessas telas.
Jéssica hesitou, seu coração batendo forte. Ela sabia que aquele pedido era muito mais do que uma simples proposta de encontro. Era uma oportunidade de descobrir se o que sentiam era real ou apenas uma ilusão criada pelas palavras na tela.
Jéssica Nasser diz: Eu adoraria. Vamos sim. Pode ser no dia 15 de outubro? Naquele Shopping do centro.
Max sorriu para a tela, sentindo uma onda de excitação e nervosismo. Ele não sabia o que esperar daquele encontro, mas sabia que algo mudaria para sempre.
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