Terabrasilis é um Reino localizado no meio do caminho entre a Europa e as Índias. Tem um clima bem temperado e tropical. O Reino é um forte centro comercial, e sua capital, Vaz, é tida como o futuro centro comercial do mundo. O Rei desse país se chama Diógenes, e é conhecido por sua grande destreza militar. O Reino também possui um principado, visto que o Rei teve três filhos e uma filha. Destes, dois servem diretamente ao Rei e lideram o exército Encantado. Esse Reino, por ser muito próspero, é constantemente vítima de ataques de outros países, que possuem grande interesse em suas riquezas. Porém, qualquer inimigo que tentou algo contra esta grande potência, sofreu uma dura derrota diante do poderoso exército Encantado. Encantado é o nome que se dá aos guerreiros escolhidos pelo próprio Rei e liderados por seus filhos. São divididos em duas classes de comando: Altalanos e Harcos. Os Harcos são os guerreiros comandados pelos Altalanos e também a maior parte do exército. Pode-se dizer que eles são como os soldados rasos do Santuário, no entanto, a habilidade de alguns deles pode ser comparada a habilidade de um Cavaleiro de Bronze ou até mesmo de Prata. Já os Altalanos são Guerreiros formidáveis. São poderosos o suficiente, a ponto de alguns deles chegarem a rivalizar com Cavaleiros de Ouro. Em especial, os Príncipes Iago e Michael possuem um poder de nível muito superior entre o exército Encantado. São os Alatalanos mais poderosos do Reino de Terabrasilis.
CAPÍTULO 10 -MESTRE E DISCÍPULO
No Santuário, o Grande Mestre encontrava-se no interior do Salão em passava grande do seu dia. Ele estava sentado no seu trono dourado com estofado vermelho, fino, a combinar com as cores de uma cortina que parecia estender-se até lugar mais alto daquele Salão. Um olhar superficial traria a impressão de que não havia um fim olhando para o alto. Recostado, pensativo, o Grande Mestre percebe a aproximação de um Cavaleiro, que trás em sua presença um grande peso e uma tristeza e amargura que corrói completamente sua alma. Amauri conseguia sentir exatamente a dor no coração daquela alma. Além disso, era um cosmo com o qual ele realmente estava bem familiarizado. Ele pôde ver a pessoa surgir gradativamente enquanto adentrava o lugar. A silhueta se revelava aos poucos, mostrando as vestimentas típicas de cavaleiros que treinam na Grécia. A parte de baixo de sua vestimenta era vermelha e seu calçado com laços era branco. Havia uma faixa, também branca, amarrada de lado à sua cintura. Aos poucos foi possível visualizar aparte de cima de sua roupa, que era azul, com uma proteção peitoral em couro e ombreiras prateadas. Claramente podia-se ver que carregava uma Caixa de Pandora Dourada. Também foi possível ver seu longo cabelo, negro como a noite. Enfim, seu rosto se revelava, mas era sua cabeça muito baixa dificultava visualizá-lo perfeitamente. Seus olhos pareciam estar fechados. Abaixou-se, prostrando-se perante o Grande Mestre, que observara sua aproximação intrigado.
– Grande Mestre Amauri, e também… meu mestre. Eu Loren de Sagitário, estou aqui para dizer que não sou mais digna de portar essa Armadura de Ouro. Vim até aqui para devolvê-la. Falhei como Sagitário. Falhei para com o meu destino. – Disse Loren, a Amazona de Ouro de Sagitário.
Mantendo a mesma face inicial, sem esboçar reação, o Grande Mestre contestou. – E o que te faz pensar dessa maneira? Por acaso acha que pensa que seu serviço para Atena não é mais necessário? Ou acha que já tentou o suficiente?
– Vossa Excelência bem sabe que desde de o dia em que recebi esta Armadura de Ouro, aceitei a missão de viajar pelo mundo em busca daquela pessoa que foi escolhida para receber em seu corpo a deusa Atena. Mas há oito anos não tenho obtido êxito. As estrelas são testemunhas do meu esforço e dedicação. Mas, ao que parece, não alcancei dignidade o suficiente para ter a honra de defender Atena. Não pude encontrá-la. Sou uma negação como representante de Sagitário. – Disse Loren em resposta, mostrando uma profunda tristeza em suas palavras.
Amauri, que fora o Mestre de Loren desde a sua infância, se sentiu contristado em seu espírito. Seu íntimo estava inconformado, mas evitava demonstrar seus sentimentos naquele momento. – Loren, você sabe que o que está fazendo significa trair o Santuário. Abandonando sua Armadura e saindo desse jeito – não podemos considerá-la outra coisa, senão uma traidora. Está traindo Atena, o Santuário, seus companheiros e também a mim. Pode deixar sua Armadura e sair por onde entrou. Mas não posso garantir que conseguirá sobreviver ao julgamento de seus companheiros. Entretanto, o que está fazendo é um erro, um grande erro.
– Mestre. Um erro? – Suspirou – Não. Estou certa de que esta é decisão mais acertada. Meu propósito se perdeu com o tempo. Pelo quê eu luto? Por um futuro que não verei? – Indagava Loren, desconcertada.
– Um futuro que não verá? Do que está falando, Loren? – Questionou o Grande Mestre, parecendo saber onde a conversa iria chegar.
– As estrelas me dizem. Vossa Excelência sabe que posso compreender bem as estrelas. E elas já me mostraram qual o meu destino. Estou apenas seguindo o que está escrito. Não serei eu quem vai encontrar Atena nesta era. – Respondeu Loren, ainda demonstrando não estar feliz com sua própria decisão.
– Nesse caso, minha opinião quanto a você sair daqui com vida mudou. – O Grande Mestre levantou-se. Deu três passos a frente. Suas vestes brancas com detalhes dourados começavam a se agitar em resultado de uma variação em seu cosmo. Levou as mãos até sua cabeça e retirou o elmo dourado que a cobria, lançando-o ao seu trono. Num lance rápido, livrou-se do manto que o cobria, revelando uma roupa mais simples por baixo. Com calçados de couro, e roupas pretas. Não tinha uma proteção peitoral, tampouco ombreiras.
Loren ergueu um pouco a cabeça, e surpreendeu-se ao ver o Grande Mestre posicionando-se contra ela.
– Levante-se Loren. Apesar de sua vontade de trair o Santuário, permitirei que se defenda em combate, para que tenha uma morte digna. – Ao terminar de proferir tais palavras, seu cosmo elevou-se assustadoramente. Apesar disso, era possível sentir a sua tristeza. Era como se estivesse chorando em espírito. Envolto a uma aura alaranjada, o Grande Mestre estava pronto para atacar a Amazona que tencionava desertar.
– Mestre! – Gritou a Amazona, que se levantava assustada. – Não posso enfrentá-lo! É meu Mestre! – Tentava fazer o seu Mestre retroceder.
– Seu Mestre? Como seu eu fosse ter um discípulo tão fraco! Sua fraqueza é uma desonra para este Santuário. Não permito que me chame mais assim! Alguém como você deveria saber bem o que significa trair o Santuário! Não é mesmo, Loren?! – Bradava com uma voz tremenda o Mestre do Santuário.
A essas alturas, todos os outros Cavaleiros e Amazonas do Santuário já podiam sentir a poderosa elevação de cosmo que vinha da sala do Patriarca, e definitivamente reconheciam aquele cosmo como o sendo o do Antigo Cavaleiro de Ouro de Libra. Mas nada podiam fazer, pois até chegar ao Salão do Grande Mestre, haviam as Doze Casas. Sem autorização, ninguém poderia os alcançar naquele Salão. Exceto aquela pessoa que protegia a última casa habitada. Visto que Peixes estava vazia e Willian de Aquário estava em missão, a Casa de Capricórnio era a última defesa antes de se chegar ao Grande Mestre. Ciente de sua responsabilidade, Hannah deixou sua Casa Zodiacal imediatamente, e foi ao encontro do Grande Mestre.
O clima no Salão era tenso. Loren ainda não havia assumido uma postura defensiva nem ofensiva.
– Se não pretende se defender, então receba sua punição de frente! – Ao concentrar-se o Mestre elevou ainda mais o seu cosmo.
Loren conseguiu ver surgir atrás do seu Mestre uma aura que parecia tomar forma, embora parecessem chamas. A aura se tornou um pássaro. Não. Uma Fênix! A lendária ave mitológica, cuja constelação protegia ao Grande Mestre, que houvera vestido tal Armadura antes de se tornar Cavaleiro de Ouro.
Próximo ao Salão do Patriarca, Hannah sentia uma grande pressão vinda do local, que dificultada até mesmo seu deslocamento em velocidade. Mesmo assim, ela seguia em direção ao Salão.
As cortinas estavam esvoaçantes dentro daquele Salão, ventava muito e as paredes faziam com que as rajadas de vento se encontrassem e se confrontassem, tornando difícil até mesmo a visão. E o calor era praticamente insuportável, parecia que tudo se acabaria em chamas a qualquer momento. Foi quando o Amauri proferiu sua sentença. Apontou com seu indicador direito na direção de Loren, que parecia não conseguir se mexer. E lançou um raio alaranjado que pareceu atravessar a cabeça de Loren. Com os olhos arregalados, Loren foi paralisada, enquanto o clima do local retornava a sua naturalidade gradualmente. Os olhos fixos de Loren permaneciam abertos e seu corpo imobilizado. Hannah de Capricórnio finalmente chegou ao local, e visualizou a cena.
– Mas que droga, Loren! O que significa isso?! Por que está lutando contra o Grande Mestre?! – Exclamava a capricorniana exaltada.
– Não adianta tentar conversar com ela, agora. – Disse o Grande Mestre, que continuou. – Ela acaba de receber o golpe fantasma de Fenix. Nesse momento ela está num caminho onde deverá escolher entre a vida e morte. Dependendo da escolha que fizer, essa Loren morrerá aqui. Mas se ela se der conta das bobagens que me disse, cairá em si e voltará a ser a nossa Loren.
Hannah ouviu as palavras de Amauri e engoliu seco. Enquanto o Grande Mestre retornava a sua cadeira, Hannah se posicionava ao seu lado direito. E por um momento ficaram observando Loren, paralisada. Em algum momento perceberam lágrimas caindo do rosto da Amazona de Sagitário.
Já sentiu alguma vez seu cosmo interior?
VER PRÓXIMO CAPÍTULO
Views: 1034