Capítulo 11: All Star
RETROSPECTIVA DO ÚLTIMO CAPÍTULO
Andrey e Fernanda se conheceram na sexta-feira, jantaram juntos no sábado, e agora, no domingo, almoçaram e conversaram sobre suas vidas. Entre confidências e uma aparente amizade, prometeram desfrutar da solteirice sem expectativas maiores, ainda que algo além disso estivesse no ar.
Andrey tentava não pensar demais, mas conforme os dias se tornavam semanas, sua amizade com Fernanda começou a sair de qualquer padrão que ele já conhecia. Passaram a se ver constantemente, em cafés de segunda-feira depois do expediente, saídas para almoços, noites de vinho e conversas em que, como ele percebia, o mundo ao redor parecia perder o sentido. Andrey não falava nada disso a ela, mas começava a se perguntar o que era mais: o conforto de estarem juntos ou a ansiedade de se verem de novo.
Naquela noite de sexta-feira, voltaram à Tristan com Larissa e John. O ambiente vibrava com uma luz suave, e Fernanda estava lá, sorrindo com o cabelo caindo de leve sobre os ombros, usando aquele All Star que fazia com que Andrey tivesse sempre a sensação de que ela estava pronta para partir em uma aventura. Ele sorriu, sem perceber, enquanto a observava falar algo com Larissa, que a fazia rir. Ela parecia incrivelmente feliz, e ele se pegou imaginando o que a fazia sorrir tanto – ou se, algum dia, ele poderia ser um dos motivos.
Em meio à balada, entre conversas e risadas, Andrey sentiu Larissa cutucá-lo, já sabendo o que ele precisava ouvir, mas ainda não queria confessar. “Você já percebeu o quanto olha para ela, né?”, disse Larissa, e Andrey, sem negar, só deu de ombros, com aquele sorriso involuntário de quem já não consegue esconder.
Quando a noite se alongou, eles decidiram sair para pegar um ar. Fernanda o puxou pelo braço, convidando-o a caminhar com ela até o lado de fora. Sentaram-se na escadaria ao lado da entrada, onde a cidade tinha aquele som abafado, com luzes que brilhavam distantes e confortáveis. Por um momento, só o silêncio os acompanhou, e Andrey se perdeu no céu, no som dos passos passando por eles, no ritmo que o deixava em paz. Mas Fernanda, ao seu lado, parecia distante.
“Hoje foi divertido”, ela disse, olhando para o tênis como quem sabe que está perto de revelar algo importante. “Eu gosto de você, Andrey. E, ao mesmo tempo, eu não sei o que significa esse gostar.”
Andrey não conseguiu mais se segurar. Tomou coragem, sentindo que algo dentro dele não podia ser silenciado por mais uma semana. Ele se virou para ela e, respirando fundo, encontrou as palavras que há tempos queria dizer.
“Fernanda,” começou ele, tentando conter o nervosismo. “Você é aquela pessoa que faz com que eu me pergunte como a vida era antes de te conhecer. E é tão absurdo pensar que a gente se conheceu por acaso, nessa mesma balada, mas agora é como se… como se não existisse um caminho de volta. Eu sei que combinamos de ser amigos, de não nos envolvermos, mas preciso te confessar que… é impossível não me apaixonar por você.”
Ela o encarou, os olhos surpresos, mas com um brilho que Andrey nunca havia visto antes. Ele continuou, tentando expressar o que até então era um segredo só seu.
“É como diz naquela música… o mundo parece mais fácil, o tempo parece passar mais devagar quando estou com você, sabe? E você parece ser aquela pessoa que simplesmente… faz o dia mais feliz, só porque existe. Eu sei que posso estar sendo bobo, mas se eu não te dissesse isso agora, eu nunca saberia se estava apenas sonhando.”
Fernanda, sem dizer nada, sorriu de um jeito que revelava o quanto aquelas palavras a tocavam. Ela segurou a mão dele com delicadeza e, ainda em silêncio, o abraçou. Ele podia sentir o calor de seu corpo, o perfume suave de seu cabelo, e tudo aquilo parecia um sonho do qual ele não queria acordar.
“Eu também sinto, Andrey,” ela disse, com uma voz baixa, quase um sussurro, como quem teme quebrar a mágica. “Por mais que eu tenha tentado me convencer de que era só amizade, você foi se tornando alguém com quem eu sempre quis estar, alguém que… não consigo imaginar a minha vida sem. Talvez eu só estivesse esperando você dizer isso em voz alta, para que eu pudesse acreditar.”
Eles se olharam por um instante, como se pudessem ler um ao outro, como se pudessem ouvir o que estava nas entrelinhas. E então, sem mais hesitar, ele se inclinou e a beijou. Era um beijo suave, que carregava consigo o peso de todas as palavras que jamais disseram, de todos os olhares que haviam trocado e de todas as coisas que, até então, haviam deixado subentendidas.
Naquela noite, enquanto as luzes da cidade ainda brilhavam e o frio da madrugada começava a chegar, Andrey percebeu que tudo que ele procurava estava, de alguma forma, ali.
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