A LENDA DO FENIX DOURADO

Terabrasilis é um Reino localizado no meio do caminho entre a Europa e as Índias. Tem um clima bem temperado e tropical. O Reino é um forte centro comercial, e sua capital, Vaz, é tida como o futuro centro comercial do mundo. O Rei desse país se chama Diógenes, e é conhecido por sua grande destreza militar. O Reino também possui um principado, visto que o Rei teve três filhos e uma filha. Destes, dois servem diretamente ao Rei e lideram o Exército Encantado. Esse Reino, por ser muito próspero, é constantemente vítima de ataques de outros países, que possuem grande interesse em suas riquezas. Porém, qualquer inimigo que tentou algo contra esta grande potência, sofreu uma dura derrota diante do poderoso exército Encantado. Encantado é o nome que se dá aos guerreiros escolhidos pelo próprio Rei e liderados por seus filhos. São divididos em duas classes de comando: Altalanos e Harcos.

Os Harcos são os guerreiros comandados pelos Altalanos e também compõem a maior parte do exército. Pode-se dizer que eles são como os soldados rasos do Santuário, no entanto, a habilidade de alguns deles pode ser comparada a habilidade de um Cavaleiro de Bronze ou até mesmo de Prata. Já os Altalanos são guerreiros formidáveis. Dizem que seu poder não perde em nada ao poder de um Cavaleiro de Ouro. Em especial, os Príncipes se destacam. São temidos até mesmo pelos outros membros do Exército Encantado. O Rei Diógenes é considerado um deus em seu país, dizem que ele é a encarnação de um antigo deus da guerra e da sabedoria. Mas ninguém sabe ao certo até que ponto isso é verdade. A origem das Brasilidis também é um mistério. Apesar de seu poder e destreza, o Rei está desejoso de descanso, e pretende passar a Coroa Real para o próximo na linha de sucessão, um de seus filhos.

Nesse Reino, existe um Altalano chamado George, que além de ser um dos líderes do Exército Encantado, é o homem de confiança do Rei Diógenes, e portador da lendária espada Ascalon, uma espada capaz de rivalizar com Excalibur.

 RETROSPECTIVA DO ÚLTIMO CAPÍTULO

Nivaldo finalmente revelou sua verdadeira identidade e foi confrontar o Grande Mestre. Mas quem acabou o enfrentando foi Henrique de Leão, que regressara ao Santuário após um longo tempo de ausência. Enquanto isso, Willian e sua comitiva foram recebidos pelo Altalano Axel de Ceifeiro, da Brasilidis de Ágata. Após isso, Loren de Sagitário tentou desertar e se envolveu num conflito com o Grande Mestre, deprimida por não conseguir encontrar a atual Atena. Enquanto em Terabrasilis, William e sua comitiva se deparou com um Altalano agressivo, mas havia alguém que estava a espreita.

CAPÍTULO 10 – O PRÍNCIPE

Mesmo diante da ameaça do Altalano, Willian de Aquário não vacilou. Afastou sua capa branca com o braço esquerdo, jogando-a para trás, mostrando estar vestido com sua Armadura de Ouro de Aquário. Olhou diretamente para o Altalano e o desafiou.

– Não vim até aqui para lutar com alguém como você. Minha missão é apenas encontrar o Rei Diógenes. Você não me interessa. Se não pode me levar até o Rei, encontrarei outra maneira de fazê-lo. Se acha que pode me impedir, é por sua conta e risco que agirás. Da minha parte, não recuarei nem sequer um centímetro. – disse o aquariano com uma voz firme.

Vendo a Armadura de Ouro, o Altalano não se assustou. Muito pelo contrário. Sentiu-se alegre, porque ali, diante de seus olhos, estava a chance de lutar com um Cavaleiro de alto nível, e provar sua força e valor.

– Ora, ora, ora… eu não esperava um Cavaleiro de Ouro. Isso me deixa muito feliz. Não consigo conter minha felicidade! Você! Você será o meu troféu! – disse o Altalano girando sua foice com a mão direita, e em seguida posicionando-se para atacar. – Eu, Axel de Ceifeiro, terei prazer em lhe ensinar o quão temível é caminho da morte! Eu pretendia deixá-los voltar, caso desistissem da ideia de ver o Rei, mas agora não pretendo fazê-lo.

Nesse momento, Klaus – que acompanhava Willian – deu alguns passos à frente enquanto proferia algumas palavras.

– Morte? Quer falar sobre o “caminho da morte”? O que você acha que sabe sobre isso? – Klaus abriu um leve sorriso, e retirou sua capa, lançando-a para longe e revelando também estar vestido com uma Armadura dourada. Deu mais alguns passos, passando à frente de Willian, e se apoiou em uma pedra mais adiante com a perna direita, enquanto apoiava o cotovelo do seu braço direito na mesma perna.

– Outro Cavaleiro de Ouro? Hoje deve ser mesmo meu dia de sorte! Mas você parece muito novo. Não tenho interesse em garotinhos. – Desdenhou o Altalano.

– Então você está me dizendo que é mais chegado a homens mais velhos? Diga-me uma coisa, por acaso você é um travesti? – indagava Klaus, debochando.

O Altalano ficou irritado e corado:

– Seu maldito! Do que é que você está falando?!

– Calma. Não precisa ficar vermelho. Tente agir com mais naturalidade. Mais leveza em seus movimentos. Senão, ficará difícil assimilar esse seu lado afeminado. – Continuava o debochado canceriano, que percebeu naquele momento a aproximação de alguém poderoso, o qual não fazia questão nenhuma de esconder sua presença.

A partir da cidade fortificada, no meio da rua larga que dava acesso a cidade, vinha caminhando alguém que não parecia ter pressa. A imagem se distorceu aos poucos, talvez devido ao calor que fazia. Mas por um instante, a imagem pareceu sumir. No instante seguinte, aquele homem estava atrás de Axel. O Altalano de Ceifeiro ficou pálido. Ajoelhou-se e implorou por sua vida.

– Por favor! Tenha misericórdia! Lamento muito ter desobedecido a suas ordens específicas! Deixei-me levar pelo momento! Aceitarei minha penitência, mas imploro piedade! Eu suplico a ti, Príncipe Iago de Njord, Líder dos Altalanos! – clamava exageradamente o Ceifeiro.

O homem a quem Axel havia chamado de Príncipe, vestia roupas refinadas. A maior parte era branca, mas com detalhes azuis. Os acabamentos das vestes eram em couro; era notório que se tratava de alguém da família real. Seus cabelos eram dourados e curtos, e seu olhar não se direcionava a ninguém. Tinha uma boa estatura, embora não fosse tão alto. Estendeu a sua mão, colocando-a sobre a cabeça do Altalano, e passou a conduzir a situação.

– Cavaleiros de Atena, peço que desculpem o comportamento de Axel. Ele é obstinado e imprudente. Além disso, demonstra certa dificuldade em seguir ordens. Meu pai, o Rei Diógenes, imaginou que o Grande Mestre do Santuário de Atena enviaria alguns de seus homens de confiança até aqui. Mas não imaginei que mandaria o Cavaleiro de Ouro de Aquário entre eles. Devo entender isso como uma grande consideração da parte do Grande Mestre? Por outro lado, Axel não estava de todo errado quando disse que Cavaleiros não são bem-vindos aqui. E você, Aquário, deve entender bem isso. Não é mesmo? – perguntou o Príncipe, que mais parecia divagar em suas palavras, sem ao menos fitar os olhos em alguém ali presente.

– Estou aqui para ver o Rei Diógenes, não para perder tempo com conversinhas. Como já disse anteriormente ao seu capacho, se não me levarem até o Rei, eu encontrarei quem possa me fazer esse serviço. – respondeu Willian rispidamente, sem dar nenhuma importância a presença do Príncipe de Terabrasilis.

– Maldito! Como ousa se dirigir dessa maneira ao Príncipe?! – bradou Axel, condenando as ações do aquariano.

– Quieto! Já não arrumou problemas demais? – interrompeu Iago, o Príncipe, que em seguida se dirigiu a Willian. – Aquário, se esta é sua vontade, terei prazer em conduzi-lo até meu pai. No entanto, o dia está quase indo embora. Meu pai não está com uma saúde muito boa. Só poderá atendê-los pela manhã.

– Mestre! Não diga isso a um inimigo! – repreendeu Axel ao Príncipe.

– Por acaso pensas que não estou apto para julgar o coração deste homem, Axel? Acha que estou enganado quanto ao coração de Aquário? – perguntou o Príncipe, mostrando-se seguro em conduzir Willian e sua comitiva.

– Não, Mestre. Jamais duvidaria da sua capacidade de enxergar os corações humanos. Mas o acompanharei, como segurança, para o caso de tentarem algo. – Insistiu o Altalano da Brasilidis de Ágata.

– Tudo bem. Você pode nos acompanhar. Pelo menos assim você não me cria mais problemas. Mas se pensa que poderia ajudar caso uma luta acontecesse, não se engane. Dentre esses cinco Cavaleiros, três deles são páreos altos demais para você. Mesmo que lutasse com todas as suas forças, não teria chances.  Eles são, de fato, três corações incríveis. – Relatou Iago. – Agora, me acompanhem, os levarei até o Palácio de Terabrasilis.

Todos acompanhavam o Príncipe, mas o comentário que havia feito fez com que alguns refletissem por um momento na situação. Axel ficou indignado em saber que não poderia vencer nenhum dos dois Cavaleiros de Ouro, Willian de Aquário e Klaus de Câncer, mas o que realmente o incomodava era não saber quem eram os outros três Cavaleiros, e qual deles tinha um poder superior ao seu. Apesar de estarem vestindo capuzes, dava pra ver que não se tratavam de Cavaleiros de Ouro, eram de outras classes, mas Axel não compreendia. Como poderia um Cavaleiro de Prata ou Bronze ser superior a um Altalano?

Klaus também pensava no assunto:

“Eu venço esse cara. Will também pode vencê-lo. Mas quem será o terceiro membro de nossa equipe que poderia encarar esse rapaz andrógeno? Anastácia é forte, talvez a Amazona de Bronze mais poderosa. Mas apesar disso, e de ter sido companheira de treinamento do Will na Sibéria, não acho que ela seja forte o suficiente para tanto. E o Matheus, que acabou que acabou de receber sua armadura, não tem nenhuma experiência de combate. E o Iga… Sim! O Iga! Ele é um dos veteranos. Deve ser bem forte. Todos falam dele como um dos mais talentosos entre os Cavaleiros de Bronze. Ele tem muito potencial. Deve ser ele. Poxa, que surpresa. Se isso for verdade, creio que logo ele deva assumir uma Armadura de Prata.”

Esse foi o raciocínio de Klaus, o qual não diferiu muito das conclusões de Anastácia e Matheus; ambos pensavam que Iga de Dorado era forte o suficiente pra enfrentar um Altalano. Mas o Cavaleiro de Bronze de Dorado não estava preocupado com isso.

Levou cerca de uma hora de caminhada para que eles chegassem até o Palácio. A noite já dominava o ambiente, entretanto, a lua cheia e o céu limpo, somando-se a iluminação local por tochas, permitia enxergar a beleza dos chafarizes que enfeitavam a entrada. Logo após o centro comercial, já fechado, não havia nenhuma divisão que separasse os jardins reais e o povo. Aparentemente, qualquer um poderia desfrutar daquela beleza real. Logo em seguida, os jardins verdes pareciam não ter fim quando se olhava para direita ou para esquerda, e eram tão bem cuidados que suas formas pareciam ganhar ainda mais vida. Quanto mais avançavam pela larga passagem do jardim verde, mais próxima se tornava a figura do Palácio de Terabrasilis, criando uma visão de tirar o fôlego. Uma grande escadaria de mármore era o caminho para a porta do Palácio, que também era enorme: difícil dizer quantos andares havia ali, e as incontáveis janelas indicavam uma grande vastidão a cada piso. Em vários pontos em volta do Palácio, Harcos Encantados, divididos em duplas, marcavam vigília. Diferentemente dos jardins, todo o perímetro do Palácio era bem vigiado, sendo que não parecia possível que qualquer um entrasse.

– Mas que Castelo mais lindo! – disse Klaus, impressionado com aquela imagem. – Ele é todo feito de pedra, mas essas escadas, e esses guardas! Olha aquela janela, tem um roseiral! Será que é ali que ficam os aposentos da Princesa de Terabrasilis? Ah! Eu quero conhecer essa Princesa! Espera, pode existir mais de uma Princesa! Talvez duas, ou dez! Vai saber o que o Rei faz nas horas vagas. Se não tiver muita distração, pode ser que aqui exista um harém de Princesas!

– Klaus! Já chega! Guarde seus pensamentos pervertidos apenas pra você! – repreendeu-o Anastácia.

– Eu? Eu estava falando isso muito alto? Sério, todo mundo ouviu isso? – perguntou o canceriano, olhando em volta e percebendo que tinha pensado alto demais.

– O Cavaleiro de Câncer é muito espirituoso. Mas lamento dizer que em nosso Reino existem apenas dois Príncipes. Embora o Rei possua três filhos e uma filha, um dos Príncipes e a Princesa deste reino não vivem aqui. – Contou o Príncipe Iago, não se importando com os devaneios de Klaus.

– Ah, sério mesmo? Mas que reino é esse que não tem uma Princesa? Acabou com a magia da história. – Resmungava Câncer, agora cabisbaixo.

– Assim é bem melhor, não é? Pelo menos você não terá distrações na missão. – disse Matheus, levando as duas mãos para trás da cabeça, mostrando nenhuma preocupação com a situação, e certo relaxamento.

– Hei, Bronzeboy, fica na sua, se não vai levar uns cascudos. – Contestou Klaus.

Todos passaram pelos guardas, que bateram continência e depois se inclinaram, reverenciando o Príncipe. Em seguida, adentraram o Palácio, e a visão por dentro não era tão clara; o Príncipe ordenou que acendessem as tochas. Ordem que foi executada rapidamente, possibilitando a todos uma visão um pouco melhor. Chamando alguns criados no local, o Príncipe Iago deu ordens para que todos os Cavaleiros fossem conduzidos a quartos, sendo que cada um ficaria em um quarto de hóspede e seria atendido por três criados. Ele fez questão de avisar que havia uma dama entre os Cavaleiros, e embora ela não fizesse questão de receber um tratamento diferente, o Príncipe ordenou que três criadas a servissem por aquela noite, e que prontamente preparassem um banho para ela, visto que a viagem até Terabrasilis fora, de fato, longa e cansativa.

O Príncipe voltou a repetir que pela manhã eles teriam sua audiência com o Rei, e que descansassem por este dia. Todos foram conduzidos aos seus quartos, separando-se uns dos outros. A correria do dia cedera lugar a um breve descanso.

Enquanto isso, no Santuário, a noite já estava avançada, e algumas estrelas já desapareciam do céu por conta da luz do sol que em instantes despontaria no horizonte. Yasu, vestida apenas com um uniforme comum do treinamento, descia até a Casa de Gêmeos para ver se encontrava Isamu, com quem havia combinado treinar. Mas encontrou a Casa vazia, sem vestígios de que Isamu passara a noite por ali. Voltou para a Casa de Virgem, e foi treinar no Jardim das Árvores Salas Gêmeas.

Um pouco distante dali, estava Isamu, em uma pequena vila localizada nas redondezas do Santuário, dentro de uma casa pequena, humilde, e muito bem cuidada. Conversava com outra pessoa.

– Maho, eu não devia ter passado a noite aqui. Eu tinha combinado com a Yasu que a acompanharia hoje cedo no seu treinamento. E eu tenho certeza que ela já deve ter dado pela minha falta. – disse Gêmeos.

– Desculpe-me, eu realmente queria que você pudesse passar mais tempo aqui comigo. Ultimamente você quase não tem me dado atenção… Eu sei que servir como Cavaleiro de Atena te toma muito tempo, mas não pensei que ficaríamos tanto tempo sem nos ver. – disse a garota chamada Maho, que tinha longos cabelos castanhos e olhos amendoados.

– Maho, fazia apenas três dias que a gente não se via. Eu também me incomodo com a situação, mas não há muito que se fazer. – disse Isamu, em tom suave, tentando amenizar os fatos.

– Mesmo assim, sua presença seria importante, ainda mais com esses sonhos que venho tendo. Eles são muito estranhos. Eu acho que eu deveria me tornar uma Amazona! Só assim eu me livraria desses medos. – disse a jovem senhorita, que em seguida sorriu com o que  acabara de dizer.

– Se fosse uma Amazona, eu teria pena dos inimigos do Santuário. Aliás, teria pena até dos outros Cavaleiros. Do jeito que você é, é bem capaz de todos quererem te obedecer e servir. Principalmente o Klaus, ele iria adorar conhecer você.  – Dizia Isamu.

– Eu também adoraria conhecer outros Cavaleiros. Digo, eu conheço você e o outro Cavaleiro que não sei a constelação, mas gostaria de conhecer outros. Sinto-me muito bem quando estou perto de Cavaleiros. – Relatava a meiga garota.

– Espera. Outro Cavaleiro? Você conheceu outro Cavaleiro? Quem? Fala pra mim! – Isamu demonstrou clara inquietação.

– Calma. Era um bem novo, nem parecia um Cavaleiro, mas era. Levava nas costas uma daquelas caixas que vocês guardam armaduras, por isso eu reconheci. Aí eu tive vontade de falar com ele. Ele era engraçado. Disse que tinha acabado de se tornar um Cavaleiro de Atena, e já tinha recebido sua primeira missão. Eu queria conversar mais com ele, mas fiquei com vergonha. – Contava Maho, cujos olhos pareciam viajar enquanto falava.

– Primeira missão? Deve ter sido o Matheus, ele é novato mesmo… E é um pirralho, sem muita importância. – disse com desdém Isamu.

– Não fala assim, ele parecia tão radiante. Eu consegui ver um pequeno universo naqueless olhos, assim como vejo nos seus. – falou a bela garota, que pareceu viajar em seus pensamentos enquanto falava do Cavaleiro de Pégaso.

– Maho, isso que você sempre diz, de conseguir ver um pequeno universo nos meus olhos e agora nos olhos do Matheus também, como é isso? – perguntou Isamu, demonstrando certa preocupação.

– Eu não sei dizer. Mas eu sempre me sinto bem quando vejo esse universo nos seus olhos.

Já sentiu alguma vez seu cosmo interior?

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